Dar conta de tudo…

Quando paro para observar essas palavras vejo que “tudo” é muita coisa e até poderíamos dizer impossível e ou desnecessário eu diria. E que na verdade esse dar conta de tudo é uma cobrança que parte de nós para nós mesmos, mas que por diversas vezes jogamos a culpa ao mundo moderno, a mulher moderna, o homem bem sucedido, etc,…E aí passamos a viver sobrecarregados, exaustos, culpando todos ao nosso redor por essa exaustão, com esgotamento físico, mental e até emocional.  Inclusive parei para refletir quanto tempo da minha vida eu vivi dessa forma e percebo que na verdade sempre busquei ser perfeita em todos os sentidos, afinal, se eu fosse perfeita como filha, mãe, esposa, profissional, e em todos os outros papeis que ao longo da vida essa busca pela perfeição me trouxe eu em fim seria admirada, reconhecida, talvez até bajulada ou talvez até usada como exemplo. Mas e quanto a mim? Quanto as minhas necessidades, vontades e satisfações? Nessa brincadeira de querer ser a “Mulher Maravilha” com o passar do tempo tudo foi atropelado esquecido ao ponto de eu acreditar que ninguém mais era perfeito suficiente, correto o suficiente, dedicado o suficiente para estar perto de mim. Sei que parece grosseiro falar desta forma, mas quando você passa a amar o outro pelo seu comportamento e ou querer mudar o outro para que ele seja aquilo que você deseja e acredita ser correto não vejo outras palavras que descrevam melhor. E de fato o que acontece é que passamos os dias e boa parte a vida querendo fazer tudo sozinha, inclusive aquilo que não nos cabe e pior ainda querendo fazer com perfeição e isso gera uma pressão muito grande sobre nós mesmos, isso tudo gera um gasto de energia muito grande, simplesmente porque não se pode ser perfeito o tempo todo. Lembrem-se, ninguém é feliz o tempo todo, ninguém é bom e calmo o tempo todo! A própria natureza nos mostra isso, ou seja, nenhuma flor é capaz de florescer o ano todo, a natureza é cíclica e com nós isso não é diferente! Não somos flor o ano todo e nem temos essa obrigação. Por muitas vezes reclamamos sobre o outro não fazer a parte dele, de não dividir as simples atividades diárias por exemplo e ou até mesmo não reconhecer todo o esforço que fazemos seja no relacionamento familiar, trabalho, amizades, porém, arrisco em dizer que na maioria das vezes ou melhor todas as vezes nós é que não deixamos o outro fazer a parte dele, não aceitamos o outro e suas opiniões, atitudes como realmente são e nos sobrecarregamos, nos frustamos porque criamos expectativas a partir daquilo que acreditamos ser o correto. Mas nem sempre o que é correto para mim é correto para os outros, nem tudo aquilo que me faz feliz vai fazer os outros felizes e melhor ainda, quando entendemos que o outro também não nos deve nada, ou seja, não nos deve amor, reconhecimento, elogios, atenção, adoração, etc,… As coisas finalmente mudam de sentido, talvez minhas prioridades mudem, talvez eu não deseje mais mudar o outro, não queira mais dar conta de tudo e passe então a entender o que é amor incondicional, passe a amar a mim e ao outro exatamente como sou, como ele é…Perfeitamente imperfeito! Com qualidades, com defeitos, com opiniões e particularidades que são únicas de cada um, não é mais um amor projetado no comportamento que tenho ou que fulano tem. Passando assim a ver e viver a vida de maneira mais leve, sem essa pressão toda, sem essa cobrança toda que projetamos sobre nós e também sobre os outros que estão ao nosso redor. A busca constante pela perfeição leva a frustração, simplesmente porque estamos atropelando não apenas as nossas fronteira, os nossos limites mas também de quem amamos. É preciso pisar descalços em solo sagrado, é preciso pausa para saber qual o momento de recuar e qual é o momento de avançar, isso porque recuar, dar pausa é tão importante quanto avançar, porque isso é consciência, isso é viver com consciência! Somente quando somos capazes de trazer essa consciência para nossa vida que somos capazes de viver a nossa totalidade e a totalidade do outro com amor, respeitando não apenas os nossos ciclos, os nossos limites, mas tudo que diz respeito ao outro e ao seu solo sagrado. Gosto de ver toda essa consciência como a verdadeira magia da vida! Pois, junto disso também descobrimos o ser ilimitado que somos, descobrimos que nosso verdadeiro potencial é viver aquilo que somos verdadeiramente sem culpa, sem cobrança, com respeito e amorosidade em cada fase que vivemos, passando ver a vida como uma completa perfeição do jeito que ela é, perfeita no ritmo em que ela acontece, sem pressa de chegar, sem pressa de conquistar apenas viver a vida e contemplar toda essa perfeição que é o simples ato de respirar! No Yoga acredita-se que cada ser já nasce com a quantidade exata ou determinada de vezes que vai respirar ao longo da sua vida, ou seja, quanto mais pressa tivermos em respirar antes iremos respirar pela última vez. Então, não tenha pressa de respirar, se permita vero ser ilimitado que tu és, se permita viver toda sua totalidade em cada ciclo da sua vida, não queira dar conta de tudo, mas deseje viver tudo com amor e consciência. Namastê!


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