Como eu seria se não tivesse escolhido ser mãe? Aliás, como eu era antes de ser mãe? É louco dizer isso, mas se paro para pensar é como se eu nuca tivesse existido antes. A realidade é que quando me tornei mãe foi como renascer, porque a vida passou a ter outro sentido, o amor começou a ter outro sentido, foi como o desabrochar de uma rosa em uma manhã de sol. Porém, muitos anos eu vivi a maternidade tendo meus filhos como a minha prioridade, achei que ser mãe era viver e buscar a perfeição, que eu não poderia errar nunca e principalmente que eu não poderia me escolher nunca, que eles eram a prioridade em tudo e a razão do meu viver. Mas, com isso me tornei uma mulher triste, depressiva, uma mãe frustrada, controladora, estressada e principalmente culpada. Isso porque eu estava abrindo mão da pessoa mais importante ou pelo menos daquela que deveria ser a mais importante, eu mesma! Me tornei uma mãe frustrada simplesmente porque não existe perfeição, afinal, somos todos seres humanos. Me tornei uma mãe culpada porque no fundo eu via o mau que estava causando a mim e a eles todos os dias em que escolhia não olhar para mim. E quanto aos meus filhos, sabe o que recebiam? Migalhas do amor que existia em mim, isso porque não tinha como eu amá-los como eles realmente mereciam, simplesmente porque eu não era capaz de amar verdadeiramente nem eu mesma, imagine amar outro ser como ele realmente merece. Mas um dia como um balde esquecido embaixo de uma torneira tudo isso dentro de mim transbordou e neste dia por eles e por todo amor que sentia, eu decidi ser verdadeira comigo, ser corajosa o suficiente para querer ver o mundo, a maternidade que eu tanto sonhei através de uma janela e não mais pelo buraco de uma fechadura. Neste dia entendi e principalmente aceitei, que para que eu pudesse viver a maternidade de maneira saudável para mim e principalmente para eles não poderia esquecer da mulher que eu era, entendi que meus filhos não poderiam ser a razão do meu viver, que eu deveria ser a razão de querer estar viva todos os dias, que eles seriam a soma de todo amor que já existia em mim, aliás através deles eu aprenderia amar incondicionalmente e não mais sentir e viver um amor comportamental e era assim que decidi me amar daquele dia em diante. Hoje eu busco olhar a maternidade como uma escolha, como tudo na vida e por isso escolho viver a maternidade todos os dias com todo amor que existe em mim. Mas isso não faz de mim uma mulher, mãe melhor que as outras, isso não significa que tenho e encontro menos dificuldades no maternar, isso faz de mim uma mãe consciente daquilo que eu vivo e escolho viver todos os dias. Procuro olhar o ser mãe da maneira mais leve possível, procuro olhar e cuidar primeiramente da mulher que existe em mim, da pessoa que sou e desejo ser para mim, para os meus filhos e para o mundo. Não precisa existir a perfeição, porque quando tudo que se vive vem do coração não vai existir engano, tristeza, frustração ou culpa, simplesmente porque é verdadeiro. Hoje a mãe que existe em mim carinhosamente divide o coração com a mulher que também vive em mim, e quando preciso for uma da mais espaço a outra sempre que precisar. E como mulher, mãe que sou se eu pudesse dizer algo a você que é mãe, mas que antes de tudo foi e é mulher, eu diria; nunca se perca da mulher que tu és, ame a ti em primeiro lugar, pois esta será a tua base estável como mãe, este será o seu refúgio de todos os dias chuvosos e será o seu desabrochar em uma manhã de sol…. Procure viver como mulher para não ter que sobreviver como mãe! Com todo amor que existe em mim dedico essas palavras aos meus filhos nascidos dos quais estou tendo o privilegio em compartilhar esta vida André e José. Gratidão por ter sido escolhida! Gratidão por aprender com vocês todos os dias a amar incondicionalmente.

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